Desenhos de Flavio de Carvalho, sobre ladrilhos hidráulicos.
- nas paredes externas do The Peri S.C. Museum of Fine Arts .
Flávio de Carvalho é o nome artístico de Flavio de Rezende
Carvalho (Barra Mansa, 10 de agosto de 1899 — Valinhos, 4 de junho de 1973).
Flávio Carvalho foi um dos grandes nomes da geração modernista brasileira,
atuando como arquiteto, engenheiro, cenógrafo, teatrólogo, pintor, desenhista,
escritor, filósofo, performer, flashmobist, músico e outros rótulos.
Filho de família de muitas posses,
pôde receber uma educação privilegiada na França (de 1911 a 1914) e na
Inglaterra, onde freqüentou a Universidade de Durham. Em 1922, formou-se em
engenharia civil. Ao mesmo tempo e na mesma universidade, fez seus estudos de
belas artes.
Retornando ao Brasil, empregou-se
como calculista na famosa firma de construção civil de Ramos de Azevedo (1924).
Costumava andar seminu pelos corredores do escritório, isto é, só de short, o
que, "para a época", era tido como um despudor inaceitável. Os demais
proprietários e usuários de salas do edifício ficavam indignados e as senhoras
finíssimas que ali circulavam tinham verdadeiros ataques histéricos, ao que
Flavio não dava a menor importância. Revoltados, reuniram-se os inquilinos, redigindo
um severo abaixo-assinado: o artista deveria urgentemente deixar o prédio.
Flávio não apenas se recusou como terminantemente ainda afirmou: "Não vou
sair daqui de jeito nenhum. Vocês só me tiram daqui a bala... mas vai ser
difícil, porque vou instalar uma metralhadora em meu ateliê..." Inteirados
de sua audácia e destemor, os reclamantes não tocaram mais no assunto mas algo
lhes dizia que o artista blefara fragorosamente. Contudo, no dia seguinte, um
destacado anúncio no Diário Popular fez com que houvesse um frêmito de pânico
no velho edifício: "COMPRA-SE UMA METRALHADORA. TRATAR COM FLÁVIO DE
CARVALHO NO INSTITUTO DE ENGENHARIA".
. . . . .
No Brasil, muito antes desses
experimentos relacionais dos anos 1960 e 1970, ou seja, da ênfase nas trocas
sociais como meio de realização de propostas artísticas, Flávio de Carvalho já
buscava uma maior relação entre arte e público. Antes da consolidação do termo
“performance”, Carvalho utilizava a palavra “experiência” para denominar suas
práticas interdisciplinares, desvinculadas das categorias artísticas
tradicionais.
Em 1931, Carvalho realiza sua
“Experiência No. 2”.
Nela, o artista caminha na contramão do fluxo de uma procissão de Corpus
Christi, mantendo um boné na cabeça, o que na época era considerado
extremamente ofensivo. O artista só não foi linchado na ocasião graças à
intervenção da polícia. Flávio de Carvalho resume essa experiência na tentativa
de testar a in/tolerância da comunidade religiosa.
Em “Experiência No. 3”, em 1956, bem aos padrões dos
happenings — cujo conceito começava a se sedimentar nos Estados Unidos —, o
artista desfilou pelo centro da cidade de São Paulo com seu “new look”, ou
traje de verão masculino. Segundo Carvalho, esta seria a roupa mais adequada ao
clima tropical: saia, blusa de mangas fofas, chapéu de organdi e meias
arrastão.
.
13 comentários:
ele era FANTASTICO!!!!!!!que bom que colocou este post sobre ele!!
abraço
Myra
" arquiteto, engenheiro, cenógrafo, teatrólogo, pintor, desenhista, escritor, filósofo, performer, flashmobist, músico e outros rótulos ",
ele era fantástico mesmo !
Os desenhos nos ladrilhos pertencem a um género que também abrecio muito.
Um abraço.
João
desenhos em ladrilhos, uma tradição aí de vocês !
abraço
Boa lembran;ca, bela homenagem. Só invejo os teus ladrilhos.
:)
Boa lembran;ca, bela homenagem. Só invejo os teus ladrilhos.
:)
Esse museu promete. Bom post.
Allan
Esses ladrilhos são algo raros . E belos !
E o Flavio, um criador muito particular.
Jorge
Quando vier para cá está convidado para conhecê-lo. Com direito a umas boas caipirinhas.
Ficaram liiiindos!
(Eu tenho em preto, foram presentes do "Béla da Ponte Pequena"! Ainda não fiz nada com eles...)
bjs
OK. Abraço.
Li
Também tenho um jogo do " preto" fiquei em dúvida sobre qual colocava na parede, optei por este mais condizente com os tijolos.
E também presentes do " Bello " !
Grande post, grande museu, e grande Flávio, que por sua conta e causa perdi uma amiga do Varal.
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