Mais um passeio na prateleira arquitetônica do Armazém, com um texto de Willian Curtis abduzido do blog do Alencastro, numa “ porca tradução “ segundo ele (não vamos pesquisar a veracidade da porcaria ).
Apresentamos um texto muito interessante, que na verdade pouco tem a ver com nossa realidade tupiniquim, já que aqui ainda estamos alguns séculos atrasados nas possibilidades arquitetônicas : nossos brilhantes empreendedores e endinheirados investidores/compradores ainda deleitam-se com edificações fake pseudo-inspiradas em uma suposta época “neo”-clássica ou neo-qualquercoisa. Outro dia visitando o site de um de nossos arquitetos especialistas em vidas passadas de estilos " nobres", ele num vídeo sobre o lançamento de mais um destes bolos de noiva, exaltava os " aspectos de modernidade" do projeto, ah, ah.
Já em plagas estrangeiras, nos hemisférios dito desenvolvidos e nos desertos, cheios de areia em cima e petróleo em baixo, alguns deuses do Olimpo arquitetônico, divertindo-se com as possibilidades contemporâneas dos materiais e da engenharia, soltam a franga em seus sofisticados computadores. É aí que o texto abaixo, pega.
O chamado 'efeito Bilbao' é uma faca de dois gumes para a arquitetura. Os prefeitos estão agora submetidos a ilusão ingênua que só podem construir grandes projetos pelas mãos de arquitetos estrelas para garantir o 'prestígio'. Lamentavelmente, no lugar de produzir edifícios funcionais, sólidos e belos, vários membros do star system, alguns deles vencedores do Premio Pritzker (que absurdamente é proclamado como o equivalente ao Nobel da arquitetura) criam desenhos arbitrários e ostensivos sem substância durável: uma arquitetura de gestos vazio e formas complicadas em excesso que não possuem um verdadeiro significado. Se um Pritzker é usado como uma 'marca' que supostamente garante superioridade, a quantidade de sua produção se impõe a qualidade. A arquitetura contemporânea sofre de uma hiperinflação que combina uma deliberação precipitada do desenho, estúdios excessivamente grandes e uma produção automatizada. Há um risco real de que os arquitetos produzam caricaturas de seu próprio trabalho para o 'mercado'. Neste sistema, a arquitetura perde a alma e se vulgariza como uma forma de publicidade. Necessitamos verdadeiramente de mais museus como parques temáticos, aeroportos faraónicos que não funcionam, ou arranha-céus com formas vagamente fálicas? A arquitetura tem objetivos mais sérios a perseguir, que deve servir a sociedade e a cultura a longo prazo, contribuindo de maneira positiva tanto para a cidade como para a natureza."
12 comentários:
Muito importante e interessante esta postagem!
Boa semana, curta....
ótimo tema para um debate.
As artes contemporâneas sofrem essa simulação do "atual e moderno"
onde instalações sem sentido invadem galerias. Os pintores esqueceram da "beleza" e assim da arte, vejo que na arquitetura o impasse é o mesmo: instalações sem sentido, sem o senso do humano.
bjs.
JU Gioli
Peri, esta última, com cara de "projétil" ficaria bem no lugar da Casa Branca, não ficaria? Tem o jeitão do Bush...
Eduardo
é mesmo, tanto que republiquei o post, lá no Alencastro a frequência é mais dos membros do "reduto", e bateu record de comentários, assunto polêmico.
Ju
A questão é que as "artes" depois de vistas, se descartáveis vão para um depósito qualquer.
A arquitetura, boa ou má, coerente ou não com os espaços onde é lançada, vem para ficar, alegrando ou incomodando.
bjs
Ery
essa fálica trolha seria um bom logotipo tridimensional da testosterona americana, em geral.
ano passado, chegando em barcelona de avião, o pirulão 'em riste' destacou-se - e 'sujou'- o belo visual da cidade vista de cima. não entendo nada de arquitetura, mas emocional e intuitivamente, detestei a ousadia fálica...
Peri, sobre essa arquitetura pósmoderna, ela é um vírus muito ruim.
Tem tanta coisa para falar sobre ela, que até cansa.
Fiquei 3 anos estudando esse trem, li e pesquisei até a exaustão.
Penso ser muito complicado rebate-la, pois socialmente ela é nefasta, por outro lado ela é um reserva de capital.
Bom, o bom é que suscita reflexões.
O Habermas tem um pensamento que vai ao encontro dessa arquitetura que é um conceito de espaço público, e questiona legal essa modernidade. ( deu branco sobre o que ele conceitua).
Ab.
Marcio
pois é, não conheço Barcelona, mas acho que a Sagrada Família é uma coisa e o pirulão outra bem diversa.
Fernando
Esta arquitetura eu diria que é pós-pós-moderna. Assunto para muito papo. Procure aqui no blog um post anterior que fiz sobre o hotel da Marquês de Riscal, outro devaneio do Gehry, pousado como uma nave alienígena numa vilinha medieval.
E dê uma olhada nos comentários lá no post do Alencastro.
fealica barcelona, devia ser o nome dessa torre.
e peri's, gostei do center abu dhabi. mesmo que não seja funcional.
Anna
A. Dhabi : foto no angulo certo, uma ciência neste tipo de arquitetura.
Este projeto visto de cima é muito interessante.
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