... que pode ser estendida a muitas outras categorias profissionais. Todas elas tem seus "Stars" midiáticos.
Texto tirado do excelente blog português A Barriga de Um Arquiteto.
" Há sempre alguém a tentar vender o fim do mundo. Aí têm. Ao que parece, nos dias que correm, o digital está a matar a cultura enquanto progredimos para a alienação total. É o fim do mundo tal como o conhecemos. Outra vez.
Não se riam. A arquitectura não está a salvo. Fredy Massad expõe o seu caso contra a admiração colectiva aos falsos gurus do nosso tempo. Define esse processo como (De)generación digital. Degeneração – ora aí está uma má escolha de palavras. Como todos sabemos, esse foi o termo usado pelos Nazis em referência a qualquer tipo de expressão moderna nas artes. Isso, é certo, não demove Fredy dos seus esforços em fazer-nos desprezar os cínicos, super-poderosos “starchitects”, dominadores do enganador mercado da moda arquitectónica.
É o grito de ajuda habitual vindo dos pedestais do discurso académico. Como sempre, a coisa vem acompanhada da sentença suprema na arte do insulto escolástico: “eles não têm cultura arquitectónica”. Ui!
Esta variante da crítica de arquitectura para a crítica dos arquitectos não é novidade. É até recorrente com cada nova geração. Mas o debate tem um novo campo de batalha: a “starchitecture”. Arquitectura como trampolim para a notoriedade e a fama. A autoria como uma marca. Não importa onde se posicionem ideologicamente. Na economia globalizada a arte do edifício já não é o centro do ofício. A notoriedade de autor representa "valor", não apenas para os arquitectos mas também para os clientes.
Assim os “starchitects” tornaram-se senhores da economia global. O que isto significa é que a arquitectura se está a adaptar ao novo paradigma e a tornar-se mais dependente da máquina dos “media”. Um passo mais próximo da coluna social. Isso pode não ser uma coisa boa. Mas a arquitectura corporativa de orientação mediática não é difícil de discernir.
Vivemos num momento de transição tecnológica e incerteza conceptual. Por esta mesma razão seria aconselhável reforçar alguma dose de pragmatismo, ao tentar estabelecer uma perspectiva historicamente informada que mapeie o meio-termo entre a euforia e a inquietação geradas pelas manifestações arquitectónicas do nosso tempo. A China e o Dubai não nos ensinarão nada. Mas está aí um grupo de práticas experimentais emergentes que revelam substância programática. Nem tudo é doce para a vista. Alguns destes arquitectos de nova geração estão a mergulhar na arte da complexidade através de processos de interação e manipulação de informação. Não uma ferramenta conceptual em si mesma, mas um processo para conceber soluções complexas, inovadoras, praticáveis, em realidade – que são por vezes não tão apelativas a gostos estéticos estabelecidos. Fredy define-o como uma tendência para o “feísmo”, o que não deixa de ser revelador da sua análise conceptual estrita a processos bem mais orgânicos de fazer arquitectura.
Pode adjectivar-se o que se quiser – o Fredy sai-se bastante bem. Mas a verdade é que estes novos actores do jogo estão a ameaçar o lugar dos antigos pontificadores na hegemonia cultural. Eu, reconheço, sinto alguma esperança por uma arquitectura que desafia a indulgência auto-repetitiva de códigos e tipologias estabelecidas que podem levar a melhor em algumas academias.
Pensando bem, talvez afinal o Fredy tenha razão para ter medo."
Texto tirado do excelente blog português A Barriga de Um Arquiteto.
" Há sempre alguém a tentar vender o fim do mundo. Aí têm. Ao que parece, nos dias que correm, o digital está a matar a cultura enquanto progredimos para a alienação total. É o fim do mundo tal como o conhecemos. Outra vez.
Não se riam. A arquitectura não está a salvo. Fredy Massad expõe o seu caso contra a admiração colectiva aos falsos gurus do nosso tempo. Define esse processo como (De)generación digital. Degeneração – ora aí está uma má escolha de palavras. Como todos sabemos, esse foi o termo usado pelos Nazis em referência a qualquer tipo de expressão moderna nas artes. Isso, é certo, não demove Fredy dos seus esforços em fazer-nos desprezar os cínicos, super-poderosos “starchitects”, dominadores do enganador mercado da moda arquitectónica.
É o grito de ajuda habitual vindo dos pedestais do discurso académico. Como sempre, a coisa vem acompanhada da sentença suprema na arte do insulto escolástico: “eles não têm cultura arquitectónica”. Ui!
Esta variante da crítica de arquitectura para a crítica dos arquitectos não é novidade. É até recorrente com cada nova geração. Mas o debate tem um novo campo de batalha: a “starchitecture”. Arquitectura como trampolim para a notoriedade e a fama. A autoria como uma marca. Não importa onde se posicionem ideologicamente. Na economia globalizada a arte do edifício já não é o centro do ofício. A notoriedade de autor representa "valor", não apenas para os arquitectos mas também para os clientes.
Assim os “starchitects” tornaram-se senhores da economia global. O que isto significa é que a arquitectura se está a adaptar ao novo paradigma e a tornar-se mais dependente da máquina dos “media”. Um passo mais próximo da coluna social. Isso pode não ser uma coisa boa. Mas a arquitectura corporativa de orientação mediática não é difícil de discernir.
Vivemos num momento de transição tecnológica e incerteza conceptual. Por esta mesma razão seria aconselhável reforçar alguma dose de pragmatismo, ao tentar estabelecer uma perspectiva historicamente informada que mapeie o meio-termo entre a euforia e a inquietação geradas pelas manifestações arquitectónicas do nosso tempo. A China e o Dubai não nos ensinarão nada. Mas está aí um grupo de práticas experimentais emergentes que revelam substância programática. Nem tudo é doce para a vista. Alguns destes arquitectos de nova geração estão a mergulhar na arte da complexidade através de processos de interação e manipulação de informação. Não uma ferramenta conceptual em si mesma, mas um processo para conceber soluções complexas, inovadoras, praticáveis, em realidade – que são por vezes não tão apelativas a gostos estéticos estabelecidos. Fredy define-o como uma tendência para o “feísmo”, o que não deixa de ser revelador da sua análise conceptual estrita a processos bem mais orgânicos de fazer arquitectura.
Pode adjectivar-se o que se quiser – o Fredy sai-se bastante bem. Mas a verdade é que estes novos actores do jogo estão a ameaçar o lugar dos antigos pontificadores na hegemonia cultural. Eu, reconheço, sinto alguma esperança por uma arquitectura que desafia a indulgência auto-repetitiva de códigos e tipologias estabelecidas que podem levar a melhor em algumas academias.
Pensando bem, talvez afinal o Fredy tenha razão para ter medo."
8 comentários:
"Vivemos num momento de transição tecnológica e incerteza conceptual"
Mas, a porra do NEOCLÁSSICO sobrevive a tudo a todos e ao tempo, parece barata...
E
Não esqueça que a discussão se passa no primeiro mundo, temos que adaptá-la à barriga da miséria financeira-intelectual-cultural onde trabalhamos
Por ex, aqui quem pontifica na midia são os decoradores.
e o Oscar, claro.
O Oscar da TV?
Lembra o que te falei sobre o Forum Ruy Barbosa, este é habitável.
Aqui os decoradores são mais espertos que os arquitetos, e lembre-se que muitos deles fazem arquitetura (?).
E-
O Niemeyer,pombas, nós mais velhinhos temos a liberdade de tratá-lo pelo primeiro nome.
Por falar em decorador : O Zig Bergamasco é que decorou as suites do Bahamas. 1. Isto nâo sai nas colunas sociais. 2. Te-las-ia testado com as gatas de plantão ?
Oi, Peri,
considero o Barriga, o melhor blogue de Arquiteto/Arquitetura.
Completo!
abs
fernando cals
Fernando
Também acho. O gajo não perde tempo com frescuras.
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