Ontem, em Roma, na Piazza Navona, manifestação em frente à nossa magnífica embaixada,
o Palazzo Doria Pamphili : " Bin Laden peça asilo no Brasil "
o Palazzo Doria Pamphili : " Bin Laden peça asilo no Brasil "
" Churrasco e pizza
Nelson Motta
Estado de S.Paulo 23/01/2009
Nelson Motta
Estado de S.Paulo 23/01/2009
Na Copa do Mundo de 1982, quando a fabulosa seleção brasileira foi surpreendentemente derrotada pela Itália, a Gazzetta dello Sport abriu a manchete histórica e hilariante: "Il Brasile siamo noi."
Agora, além do governo, do Judiciário, da imprensa e das famílias das vítimas de Cesare Battisti, os italianos de todos os times e partidos políticos estão se sentindo comparados a uma ditadura sul-americana. Perderam o humor e estão justamente insultados porque Tarso Genro e Lula estão achando que "a Itália é nóis".
Com sua autoridade em leis italianas, nosso ministro fez um julgamento soberano e devastador do seu sistema judiciário, da justeza dos processos e das condenações, e do respeito aos direitos dos acusados. Que, ao contrário de nós, eles muito prezam e respeitam.
Pena que o nosso impetuoso humanista ignore que o crime com motivação política é um agravante na Itália. Claro: roubar e usar o dinheiro para matar ou derrubar governos eleitos é mais grave do que para uso próprio. No Brasil, é justificativa para tudo, na tradição de nossa "esquerda revolucionária": a nobreza da causa, os fins justificam os meios, é tudo em nome do povo e da liberdade (sic).
Não, ministro, a Itália não é nóis. Tem uma tradição democrática e judiciária muito mais sólida do que a nossa, não recorreu ao terrorismo de Estado, a tribunais de exceção, prisões ilegais e torturas, mesmo nos "anos de chumbo". O Estado italiano apenas se defendia de movimentos que queriam derrubar o governo democrático pelas armas e instalar ... nem eles sabiam o quê.
Apoiando Tarso, a tese da marolinha diplomática de Lula: "Temos uma relação tão forte com a Itália que não será um exilado que vai trazer animosidade nem com eles nem com o G-8." Berlusconi e a torcida do Milan, do Inter e da Juventus devem estar pensando a mesma coisa: "O Brasil não vai querer brigar com a Itália e o G-8 só por causa de um terroristazinho."
Criado na cultura do churrasco sangrento, em cavalgada desabrida pelos pampas da História, como um anti-Garibaldi sem Anita, Tarso Genro deve estar pensando que na Itália tudo acaba em pizza. "
UpDate : só ouvi um jornalista, no rádio, assinalar as contradições do governo, no setor, lembrando o caso dos dois atletas cubanos que pediram asilo no Brasil, durante a realização dos Jogos-Panamericanso do Rio de Janeiro. O governo, ao contrário do presente caso e atendendo ao pedido do companheiro Fidel, ou já seu irmão Raul, deportou rapidinho os dois, que devem estar lá em Cuba na melhor das hipóteses cortando cana, se não estiverem presos pela suprema ousadia de quererem sair de lá.
Agora, além do governo, do Judiciário, da imprensa e das famílias das vítimas de Cesare Battisti, os italianos de todos os times e partidos políticos estão se sentindo comparados a uma ditadura sul-americana. Perderam o humor e estão justamente insultados porque Tarso Genro e Lula estão achando que "a Itália é nóis".
Com sua autoridade em leis italianas, nosso ministro fez um julgamento soberano e devastador do seu sistema judiciário, da justeza dos processos e das condenações, e do respeito aos direitos dos acusados. Que, ao contrário de nós, eles muito prezam e respeitam.
Pena que o nosso impetuoso humanista ignore que o crime com motivação política é um agravante na Itália. Claro: roubar e usar o dinheiro para matar ou derrubar governos eleitos é mais grave do que para uso próprio. No Brasil, é justificativa para tudo, na tradição de nossa "esquerda revolucionária": a nobreza da causa, os fins justificam os meios, é tudo em nome do povo e da liberdade (sic).
Não, ministro, a Itália não é nóis. Tem uma tradição democrática e judiciária muito mais sólida do que a nossa, não recorreu ao terrorismo de Estado, a tribunais de exceção, prisões ilegais e torturas, mesmo nos "anos de chumbo". O Estado italiano apenas se defendia de movimentos que queriam derrubar o governo democrático pelas armas e instalar ... nem eles sabiam o quê.
Apoiando Tarso, a tese da marolinha diplomática de Lula: "Temos uma relação tão forte com a Itália que não será um exilado que vai trazer animosidade nem com eles nem com o G-8." Berlusconi e a torcida do Milan, do Inter e da Juventus devem estar pensando a mesma coisa: "O Brasil não vai querer brigar com a Itália e o G-8 só por causa de um terroristazinho."
Criado na cultura do churrasco sangrento, em cavalgada desabrida pelos pampas da História, como um anti-Garibaldi sem Anita, Tarso Genro deve estar pensando que na Itália tudo acaba em pizza. "
UpDate : só ouvi um jornalista, no rádio, assinalar as contradições do governo, no setor, lembrando o caso dos dois atletas cubanos que pediram asilo no Brasil, durante a realização dos Jogos-Panamericanso do Rio de Janeiro. O governo, ao contrário do presente caso e atendendo ao pedido do companheiro Fidel, ou já seu irmão Raul, deportou rapidinho os dois, que devem estar lá em Cuba na melhor das hipóteses cortando cana, se não estiverem presos pela suprema ousadia de quererem sair de lá.
19 comentários:
não tenho 'estofo' histórico e muito menos jurídico para dar uma opinião definitiva sobre o caso, mas coloco alguns dados pra incrementar a discussão:
1) há muitas dúvidas qto ao teor "democrático" do governo italiano nos chamados 'anos de chumbo'
2) nada tenho contra a itália ou os italianos, mas há muitos italianos (assim como brasileiros, americanos, árabes, o que seja) que são visivelmente racistas, preconceituosos e arrogantes em relação a negros ou a qualquer habitante do lado de cá do equador - há um claro ranço desse tipo, na reação da italia neste caso
3) o luminar professor dalmo dallari escreveu artigo na folha defendendo a posição do tarso genro; do ponto de vista constitucional brasileiro e analisando o(s) processo(s) que culminaram na condenação do battisti na itália (a tal da delação premiada), o tarso genro está completamente certo em sua decisão, segundo o dr. dalmo dallari - cuja opinião, nesse caso, tem pra mim muito mais valor que a do nelson motta (que ainda por cima, carrega terrível ranço anti-petista)
4) a italia cagou e andou pros reiterados pedidos do brasil, pela extradição do salvatore cacciola. tivemos que esperar o fdp ir passear em monaco pra grampear o cara
5) last but not least: consta que carla bruni pediu pessoalmente a lula que considerasse a concessão de refugio ao battisti. vc resistiria a um pedido de mme. bruni, peri, fazendo biquinho??
PS: berlusconi é uma figura patética, lamentável, desprezível.
Marcio
1. Quando no poder, democracia é ótima ... para os outros. Na oposição, um belo discurso. Vide as MP, e os lindos discursos esquecidos.
2. Do alto das quatro vertentes de sangue ancestral italiano que corre em minhas veias ... concordo.
Na minha visão, italiano não tem meios-termos, ou é um nobre ou um rude. Procuro sempre me situar na primeira categoria, contendo as constantes e genéticas efervescências
3. Quem somos nós para discutir os meandros da lei e da justiça, se nem seus luminares se entendem ?
Acho que está aí, aliás, as benesses financeiras oriundas da prática da profissão.
Comentei apenas as repercussões do fato. Dizem que o nosso ministro do setor não é assim um dos luminares do ramo, inclusive se atreveu a analisar, parece que com pouco conhecimento, os meandros italianos da lei.
5. Seria salutar para o desenvolvimento de nossa democracia que quaisquer criticas ao presidente e ao PT deixassem de ser vistas apenas como ranço anti-petista ou anti-Lula.
Nos 30% da população que não morrem de amores pelo atual governo, devem existir uns 10% de seres com elaboram críticas bastante consistentes que devem ser consideradas.
4. Cacciola, um dado muito importante : ele é cidadão italiano. Não existe na lei italiana a possibilidade de extradição para naturais do país, portanto ....
No atual caso, parece que o rapaz nada mais era que um criminoso comum, que "travestiu" seus crimes de " abordagens políticas' conforme ensinamentos que recebeu na cadeia de um preso político.
5. Nesse caso, e fosse eu presidente, para finalizar a conversa, após atender ao pedido, usaria a tradicional frase sempre tentada em nossa juventude : " obrigado nada, pode ir baixando as calcinhas "
Marcio
PS : concordo, concordo, concordo.
Recomendo o Gaspar ler o insuspeito Mini Carta ( de quem pessoalmente não gosto) sobre o assunto. Responde as suas dúvidas. Sobre o vergonhoso caso escrevi no meu O ULTIMO BLOG, e nos comentários tem o texto do Mino!
Eduardo
Para quem tiver paciência reproduzo o texto do Mino, comentando inclusive o tetxo ccitado pelo Marcio :
"
Primeiro. A Itália combateu o terrorismo sem recorrer a uma única, escassa lei de exceção, e recebeu por isso os louvores do mundo civilizado e democrático. Nem a mais pálida das vírgulas foi alterada na Constituição. Até parece que o ministro Tarso falou na Itália dos anos 70 mas pensou no Brasil, onde, é bom sublinhar, não havia terrorismo e sim a resistência de episódios esparsos de luta armada. Segundo. Na Itália ninguém é perseguido politicamente. Afirmar que Battisti, uma vez extraditado, correria perigos seríssimos equivale a comparar a Darfur um país de grandes tradições, inclusive jurídicas, e de democracia assentada. Sim, Tarso escuda-se em raciocínios tecidos por um jurista que no Brasil goza de fama, Dalmo Dallari. Pois li na Folha de S. Paulo de três dias atrás um artigo de Dallari: sustenta que nos anos em que Battisti assassinou três pessoas e mandou matar outra, o governo italiano era "de extrema direita". A verdade factual pega o chapéu e dá no pé, espavorida. No período, o governo era encabeçado pelo PDC, partido eclético integrado por correntes de tendências diversas, e contava com o apoio parlamentar dos socialistas e o concurso de ministros do PSI. Socialista, de antiga militância na guerrilha dos partigiani, era o presidente da República, Sandro Pertini, um dos mais notáveis chefes de Estado do pós-guerra. Nas eleições de 1976 o Partido Comunista conseguiu 33% do PDC e o democrata-cristão Aldo Moro e o líder comunista Enrique Berlinger começaram a cogitar o chamado compromesso storico, que levaria os comunistas a participar do governo. Como se vê, nem mesmo o professor Dallari está a salvo das bobagens. "
Correção :
... " texto citado " ...
PS creio que o Mino entende mais de Itália do que eu, o Eduardo, o Marcio e o Dallari juntos.
Olá, Peri.
Não entendo nada de futebol, mas se o cara não sabe jogar na defesa, por que coloca-lo no ataque, ou o técnico é tolo ou conhece bem o seu time. Aliás pizza de calabresa com queijo estepe e parmesão, com vinho tinto verde gelado é o que há. Depois uma maça de sobre mesa. uau.
Ƨs.
Fernando
Já tivemos, de Sergio Porto ( Stanislaw Ponte Preta ), o imortal samba, agora pretendem inventar a pizza do criolo doido ( oops, afro-descendente enlouquecido ).
Entendo bastante de pizza, assunto que tem delicadas nuances e é um campo perigoso para meros churrasqueiros ou comedores de churrasco se aventurarem. Haja sonrisal para curar a indigestão que se avizinha.
Peri mas hà uma maça de " sobre mesa", essa pra despois da " janta".
Peri, o Fernando tocou num ponto sensível: "JANTA"...um horror! E por falar em pizza não podemos deixar passar de 2009. 2008 já foi....rsrsrs!
Eduardo
Esse ano passou rápido, muito rápido.
a pizza, de 2009 não passa.
Há alguma razão histórico-política para o Brasil manter este tipo de atitude face à extradição?
Jorge
Para esclarecer, ou melhor, para dificultar o entendimento de nossas " tradições histórico-políticas " leia o update que fiz no post, mostrando o pragmatismo rasteiro do atual governo,
muito pior do que relacionar o caso battisti ao caso cacciola, é colocar no imbroglio os pugilistas cubanos. esses, caíram na lábia de aliciadores alemães que deixaram os caras na mão. depois, sem opção, pediram para ser deportados. Na época, a imprensa comprometida com a eleição, jamais contou a hist;oria direito; apenas enviezou tudo de forma a adaptar a seus'(e 'daqueles') interesses escusos.
Peri, claro que de qualquer forma o Genro não permitiria a extradição do terrotista. Se não pega de um lado pega do outro. E assim vamos. Pelo menos ele tomou uma decisão. Pior se "não soubesse de nada", como de hábito. É o tal "Ué, eu não vi!! Tira esse elefante aí das minhas costas..."
Sobre o famigerado e batido "ranço anti-petista" termo que usam sempre que acuados por argumentos indestrutíveis, nada a dizer. Não tem jeito. É perder tempo, é discutir em vão.
Grande abraço.
Marcio
Fui olhar o histórico do caso ( no site do Estadão, ok deveria ter procurado também na Caros Amigos ), todas as informações sobre o retorno deles à Cuba tem a insuspeita fonte " segundo a Polícia "
O último registro é : "Em 9 de agosto, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou convite ao ministro da Justiça, Tarso Genro, para explicar os motivos da "localização, captura e rápida deportação" dos dois atletas."
Adelino
e assim vamos caminhando
Pois é, Peri
independente das visões dos experts no asssunto e das tentativas exageradas de nosso Ministro e sua corte de procurarem afirmar a soberania das decisões brasucas, acho que foi um tiro no pé. Tipicamente, se nos lembrarmos dos pobres atletas cubanos, naquele lance dos pesos e medidas.
Quanto ao Bin laden, certamente seria bem acolhido pelo comissário Genro.
abraços
fernando cals
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