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29.11.07

O ópio do povo e seus cronistas


" Num progama de televisão em Hamburgo, Alemanha Ocidental, o entrevistador perguntou : - O que o senhor acha da matança dos índios no Brasil ? Eu respondi : - Nosso país tem 470 anos de história. Nesses 470 anos foram mortos menos índios do que em 10 minutos de guerra provocados por vocês. Os selvagens são vocês. O programa foi tirado do ar, o apresentador não falou mais comigo. "

Assim era João Saldanha, jornalista e técnico da Seleção nas eliminatórias da Copa de 70, que não chegou ao torneio na direção do time porque foi demitido. Passaram a ele o recado que o General Médici " gostaria" de ver o Dario na seleção, ele respondeu no ato : " Ele escala o ministério, quem escala a seleção sou eu ". Dario ficou no banco. E João dançou.

Hoje será lançado aqui em SP o livro Uma Vida em Jogo, do jornalista André Iki Siqueira, sobre o João. O livro " refaz a trajetória de um dos personagens mais notáveis da história recente do Brasil" como diz a matéria do Estadão. Notável nos textos e microfones, na beira do campo e
por suas posições políticas sempre às claras. Ele era um dos que desafinavam o coro dos contentes.

Curioso como um assunto de segurança nacional como é o futebol, tenha uma crônica esportiva mentalmente tão indigente, salvo as honrosas e raras exceções. O João talvez seja a mais brilhante delas, dos últimos 500 anos ( algum índio precursor deve ter inaugurado a mansa e descompromissada carreira de cronista esportivo ao comentar a disputa de remo entre os botes de Cabral, para ver qual chegava primeiro na praia ) .

O Armazém Peri S.C. Review of Books, mesmo ainda não sabendo se o livro é bom, recomenda. Ao menos pelo biografado, não é sempre que aparecem certos Joões como esse por aí.

552 páginas ! R$ 57,00

16 comentários:

Claudio Boczon disse...

taí um cara que me arrependo de não ter acompanhado enquanto podia.

mas ainda dá tempo (45 do segundo tempo, fora os acréscimos) de recuperar parte do atraso.

valeu pela dica.

Anônimo disse...

Peri,

tem razão, esse João era ótimo, e faz tempo que não aparece gente com a coragem, lucidez e humor do Saldanha! O livro deve ser bom.
Assisti o autor dando uma ,entrevista, na Globo, fartamente ilustrada, com tiradas do João.

peri s.c. disse...

Boczon
Partidas são decididas aos 49 do 2º tempo, portanto, à leitura !

peri s.c. disse...

Eduardo
Acho que não apareceu ninguém como ele, pelo menos na área esportiva.

GUGA ALAYON disse...

não mesmo, peri

Anônimo disse...

Guga
perdemos : sai João Saldanha, entram Galvões Buenos.

Anônimo disse...

Peri:
Que poder voltar - mesmo a título precário -e matar a saudade de ler na fonte seu texto muito legal.
Olhe, eu penso que com um personagem e com um assunto como o João Saldanha é muito difícil errar.
Grande dica.
Um beijo querido e excelente fim de semana
Meg

Anônimo disse...

Meg,
sempre benvinda, mesmo a título precário. Você , mesmo precariamente, já é muito.
bjs e idem.

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Peri,

Comprei o livro há umas 3 semanas e comecei a lê-lo ontem. Mesmo sem saber se é bom, resolvi colocá-lo como dica no meu blog, por intuição.

Anônimo disse...

Arnaldo
Será uma das leituras de fim de ano, depois comentamos.

valter ferraz disse...

Peri, não acompanhei a trajetória do João Saldanha. Lembro de meu pai falando à época quando ele assumiu: " não dura uma semana". O velho era bom nesses prognósticos. Falou o mesmo do Jânio e pimba!
Queria ter uma lucidez dessas, hoje ajudaria e muito.
Forte abraço

Anônimo disse...

Valter,
Ele se aguentou durante todas as eliminatórias.
E ninguém tinha fé na Seleção, reflexos ainda da pavorosa campanha de 66.
abraço

Anônimo disse...

Peri, nesta época de presentes natalinos, eu costumo dar umas "dicas" bem objetivas dos presentes que quero ganhar... Livros bons. O primeiro da lista é esse do Saldanha (Uma Vida em Jogo). Fui admirador incondicioonal desse grande jornalista, político (ainda que não comunista), desportista.
Grande abraço.

peri s.c. disse...

Adelino
Dicas objetivas de presentes evitam a aparição de pijamas, meias e lenços.
Quem tinha algum senso crítico gostava dele. Exceto, claro, os poderosos passageiros.
abraço

Fernando disse...

Oi, Peri,
notável figura, que eu tive a felicidade de conhecer, embora superficialmente, ao vivo me a cores, em Maricá, onde ele tinha uma casa.
Fui muito amigo de uma sua filha,Sonia, companheira dos bons tempos de boliche.
O livr5o só pode ser bom.
abração
fernando cals

Anônimo disse...

Eram tempos mais românticos, não ?
Abração