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12.8.07

Moto - perpétuo

O filho que eu quero ter


É comum a gente sonhar, eu sei,

Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer.
Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr.
E assim, chorando, acalentar
O filho que eu quero ter.

Dorme, meu pequenininho,
Dorme que a noite já vem.
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem.

De repente o vejo se transformar
Num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar
Quando eu chegar lá de onde eu vim.
Um menino sempre a me perguntar
Um por quê que não tem fim.
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim.

Dorme, menino levado,
Dorme que a vida já vem.
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem.

Quando a vida, enfim, me quiser levar
Pelo tanto que me deu,
Sentir-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu.
E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus,
Ouvir-lhe a voz a me embalar
Num acalanto de adeus:

Dorme, meu pai, sem cuidado,
Dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter.


Vinícius e Toquinho

15 comentários:

Anônimo disse...

Viva esse dia. Pelo menos um, que homenageia aquele que todos tiveram, tem, ou poderão vir a ser!


Abraços.

Anônimo disse...

Viva! eh, eh

Anônimo disse...

Peri o poeta!
Belo poema para homenagera este dia.
Isso me lembra um PAI desesperado porque o filho comeu no McDonald's.
Desespero maior, foi a gozação posterior ao relato, te lembra alguem?

Anônimo disse...

O Jackson. Mas não era Mcdonalds, a história foi porque o filho comeu um cachorro-quente no aniversário de um amiguinho. Implodiu alguns anos de educação alimentar super-naturibas. Pai sofre.

carolina disse...

e só podia ser homem pra pensar de forma exclusivamente romântica nessa tarefa insana que é ter filho.

Anônimo disse...

Carolina,
Evidentemente insana.
Mas o trabalho dos poetas é esse mesmo, tirar o leite da pedra, pinçando os pequenos romantismos que aparecem nos diários conflitos .
Quem é pai, e saca a batalha, arrepia quando houve determinadas passagens dessa música. Uma das raras do ponto de vista masculino.

valter ferraz disse...

Peri, com Vinicius e Toquinho o menino que mora em mim, ficou feliz feliz.
Bela sacada, mestre!
Abraço grande

Anônimo disse...

VV, valeu, Valter

GUGA ALAYON disse...

Vivas às Mães!
Pois sem elas nada disso seria possível.

Anônimo disse...

Sim viva!
São uma parte palpável e apalpável nesta história.

Anônimo disse...

brigada,gente!

e olha, parabéns a todos os pais de minha geração, ou próxima, porque mudaram o rumo da história masculina.
hoje, ser pai é participar não só no ato, mas no quem vem a seguir pós 9 meses.

anna

Anônimo disse...

Anna,
de nada, vocês merecem que estendamos tapetes orientais às suas passagens.
e agradecemos, hoje os pais tem que ser também umas mães. com direito a um ou outro tapete macio, por que não?

carolina disse...

é, peri, se a gente não tiver o cuidado de olhar o lado bonito das coisas difíceis fica tudo meio sem graça, né? Bem-vindos a poesia e os filhos que dão novo sentido à vida!
E, ah, vi seu comentário lá aos A4 do guga. Veja no blog da franka o que ela fala sobre os anexos, talvez valha a pena reconsiderar o seu puxadinho...
beijo!

Anônimo disse...

Carolina
Fica mesmo, no cenário sombrio que vivemos devemos estar atentos aos pequenos insights de belezas que aparecem ineperadamente.

Leia o comentário ( é o primeiro da série ) que fiz no texto da Franka, e que ela achou que eu estava esculhambando a frase do Paulinho ( que é como ele é chamado no nosso reduto ). Estava mesmo, apesar de admirá-lo demais, um dos grandes arquitetos que temos.

carolina disse...

rrss eu vi teu comentário lá. tb admiro o trabalho do Paulo, mas gosto mais da franka.