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31.7.07

É finito


Bergman e Antonioni.

Duas mortes que reavivam algumas saudades. Na época em que fizeram seus melhores filmes, éramos implacáveis, cercávamos todos os clássicos à disposição, fosse no Cine Bijou, no Marachá ou preferencialmente
no Belas Artes, sempre nas sessões da meia-noite. O importante era o filme, por mais esquisito que fosse. Resistíamos, com cara de estar entendendo absolutamente tudo. Alguns fomos entender muitos anos depois, toda obra de arte deve ser revista.

Quase um ritual. Nada de pic-nics na sala de projeção.
As conversas em tom baixo antes do início das exibições. O silêncio meio respeitoso da platéia. Depois do cinema, na madrugada garoenta, a caneca de chocolate com marshmellow no Jota's ali pertinho do Belas Artes ou vários birinaites no Luar Paulista ou no Biarritz se a noite estivesse mais esplendorosa, e esticava-se até os garçons virarem as cadeiras. Mas nunca vi um cliente virado junto com a cadeira, seria demais. Para a sessão cinematográfica o indestrutível fusquinha ficava estacionado na rua mesmo, por exemplo bem na Paulista esquina com a Consolação, onde o guardador de carros, incrível, esperava você voltar e, incrível, agradecia simpático a gorjeta possível. Depois de levar a namorada, sempre passar na frente da casa dos amigos da vizinhança para ver quem tinha voltado primeiro, a senha da falta de sono era a luz da sala acesa, uma leve buzinadinha para não acordar ninguém da rua e o papo rolava até o raiar do dia.

Bergman e Antonioni, entre outros tantos grandes diretores que admirávamos, ajudaram a compor belas e mágicas noites para uns notívagos perdidos a uns 10 ou 12.000 km de distância.

18 comentários:

GUGA ALAYON disse...

Não seria Marabá , Araxá ou ainda Marajó? ahahah
Vão deixar saudades. Aliás, já deixavam...

Anônimo disse...

Bons tempos, bons filmes, grandes diretores! Hoje saudade!

Ana Moraes disse...

ô, peri, cê tá fincando um escritor e tanto, hein? Quase me senti no Riviera de novo..

Ana Moraes disse...

sorry - ficando, já cansei de digitar hoje..

Anônimo disse...

Não, Guga, não seria. O Marabá na época só passava western-spaguetti,valia passar em frente para ver aqueles cartazes-outdoors pintados e enooormes, que eles penduravam na porta do cinema . O Araxá e o Marajó, se existiram ( Santo Amaro ? ), eram de bairro e não passavam filmes-cult, portanto fora de cogitação.Nessa época nem passava mais na porta do Hollywood, o cinemão do bairro, de tantas matinês, hoje um shopping popular.

Anônimo disse...

Eduardo,
Vamos aos DVDs para matá-las.
Me deu vontade de rever O Passageiro do Antonioni, que hoje no Estadão o Luís Carlos Merten disse que neste filme está a melhor atuação feita pelo Jack Nicholson.
Aliás deu vontade de ver muitos outros não vistos.

Anônimo disse...

Ana
A turma da imagem e dos desenhos invadindo a praia dos bel-letristas! he, he ....

Anônimo disse...

pois, é peri's, saudade do cinema de rua, da falta do cheiro de pipoca e de não haver perigo em ir a sessão da meia noite.
altman também faz falta.

sétimo selo foi o filme mais espantoso que vi na época. nada visto anteriormente era parecido.

blow up, surpresa pura. não tinha repertório para ver aquilo.

são cineastas que os filmes provocavam efeito retardado em mim.

saudade também dessa sensação.

anna

Anônimo disse...

Anna
as sensações retardadas são as melhores.

valter ferraz disse...

Peri,
boas lembranças. Não curtí cinema quando deveria, na era pré-dvd. Sempre me ative mais à leitura. Mas sei da importância na formação. Agora, o clima que vc cita, inegável deixa lembrança boa, de uma época que não teremos mais.
Grande abraço, rapá!
E fico satisfeito em saber que o Gugala está bem

Anônimo disse...

Peri, este seu depoimento foi uma das coisas mais bonitas que já vi por essas "plagas", todas as "plagas" blogueiras. Parece um filme passando diante de nossos olhos. Meus parabéns.
Grande abraço

Anônimo disse...

Peri, bom, da para rever, mas DVD não é CINEMA!

Ou é?

Anônimo disse...

Valter,
Outro abraço.
Gugala bem ? Deve estar um trapo, isso sim, nossa capacidade de resistir é infindável.

Anônimo disse...

Adelino, muitíssimo obrigado,
uma época muito legal, onde se sonhava muito e tínhamos mais fé ( ou inocência ).

Anônimo disse...

Eduardo.
DVD é o cinema de bolso, sem a pompa e circunstância.
E sem espectadores chatos ao seu lado.

( e o que dizer destes mp4, com aquela telinha de merda, que a molecada curte ? )

Anônimo disse...

Peri, li em algum lugar que as duas mortes bem parecem um "Apagão da Sétima Arte". Ainda bem, para geral consolo, que suas obras continuam ao nosso alcance, o que os torna imortais. Seu texto ficou belíssimo. Abração.

Claudio Boczon disse...

Como era mesmo o nome daquele cara da Praça da Alegria que batia tambor e cantava: "Tempo bom, não volta mais", ou algo do gênero?

Ana Moraes disse...

rebobinando....Blow up foi marcante!Amei!