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28.6.07

A vida que pedimos a Deus

A partir de uma troca de comentários com o Eduardo P.L. envolvendo origens familiares e o sangue italiano que deixou rastros em nossas veias, The Peri S.C. Review of Ancient Books , em mais uma de suas incertas edições, recomenda Sob o Sol da Toscana , ed. Rocco, 1999 :



Delícia de livro. Prosa escrita por uma poeta. Frances Mayes é professora de redação criativa na San Francisco State University e o livro é um passeio pela suave vida das pequenas cidades italianas.
Ela escreve muito, muito bem.
Viajou por vários países, foi várias vezes à Itália, acabou escolhendo a Toscana como sua reggione preferida, e lá, numa pequena cidade medieval, Cortona, cercada por uma muralha no alto de uma região montanhosa, comprou uma casa de pedras em estado de abandono num belo terreno fora dos muros para suas férias, um projeto paralelo de vida.
Acompanhamos, com direito a citações de poetas e receitas culinárias da região, a escolha, aquisição, reforma, garimpagem de acabamentos e mobília, até o posterior desfrute de Bramasole, uma casa que tem nome, e as relações que seus novos proprietários passaram a ter com corretores, burocratas, pedreiros, encanadores, jardineiros, vizinhos e etc. Vivencia e analisa com sensibilidade e densidade, a vida da cidade, a língua, seus habitantes, seus costumes, a culinária, suas festas, a religião, a arquitetura, a arte e as viagens por outras cidades da região tão antigas e encantadoras quanto Cortona .
Trata o terreno, planta suas flores, suas verduras, cuida das oliveiras. Colhe suas azeitonas, leva ao lagar para prensá-las e obter seu próprio extra-vergine. Descobre encantada um outro tipo de qualidade de vida nessa cidadezinha pousada sobre os restos de uma civilização muito mais antiga, a dos etruscos, os primeiros habitantes da região central da Bota .
O livro tem uma sequência, Bella Toscana, tão bom quanto o primeiro.


E aproveitando o embalo , outra recomendação, O Nariz de Pasquale, de Michael Rips, ed. Objetiva.


Neste a abordagem é outra : cômica. Também um casal americano, ela pintora, ele um boêmio que não gosta de trabalhar. Mudam-se para Sutri, pequena e não muito distante de Roma, onde ela vai em busca de sossego para desenvolver uma nova linguagem para sua pintura. Uma cidadezinha muito particular, também de origem etrusca, mas que manteve certas características culturais deste misterioso povo, a principal delas o gosto pelo isolamento e o consequente descaso e irritação com turistas .
Enquanto ela pinta enfurnada em seu estúdio, ele aproveita seus dias de ócio total em busca de pessoas, bebidas, conversas e aventuras. As histórias são quase inacreditáveis. Outro lindo painel do dia a dia de uma comunidade italiana, só que esta, muito mais louca que o habitual, por ex. seu carteiro é analfabeto .
Lendo estes livro você passa a entender melhor os personagens ( personagens ? ) de Fellini.


24 comentários:

Anônimo disse...

Sob o Sol da Toscana, eu havia lido, e pelo título e nome da autora não me lembrava, mas bastou sua rápida descrição do assunto para o livro e sua DELICIOSA leitura me voltarem como uma das boas lembranças...realmente o livro é adoravel.
O Segundo, não li, mas já estou curioso. Vou atras!


Forte abraço.

peri s.c. disse...

E não deixe também de cutucar o Nariz de Pasquale,você vai rir muito.

Ana Moraes disse...

o primeiro já tem em filme tbm; os outros..fui!

peri s.c. disse...

Ana,
Achei o filme " meia-boca ", exceto pelas esperadas e belíssimas paisagens. Aquela coisa de marqueteiro hollywoodiano atrás de bilheteria. Transformaram a Frances numa recém-descada e enfiaram no filme um ardente e escultural napolitano para
conquistá-la. Tenha a santa paciência. Leia o livro e você vai sentir o despropósito.
Saiu mês passado, mais um livro dela : Um ano de Viagens.
Tirou um ano sabático e com o marido saiu pela Europa, Marrocos , Turquia. Estou começando a ler, devagar. Tipo vão para Portugal para ficar um mês, e .. alugam uma
casa num lugar não turístico, estabelecem amizades e assim acabam descobrindo tudo o que turista não descobre. Muito interessante e uma visão muito mais aprofundada dos locais.

Lord Broken Pottery disse...

Peri,
Interessante ler o que você postou. Acabo de escrever um livro com um amigo, o Ricardo Betti, que está morando em Lucca. Um dos capítulos tem esse título: Sob o Sol da Toscana. Não conhecia o livro por você recomendado. Vou procurá-lo.
Grande abraço

anna disse...

tenho que ler esse segundo. vai explicar muita coisa da minha infância. é cosa nostra.

Anônimo disse...

Lord,
- Lucca uma das 187 cidades que faltou conhecer na Itália.
- Cadê esse livro ? Dois autores ? Sobre ?
- Acho que vai gostar. E procurar os outros.

Anônimo disse...

Anna,
Os três irão explicar muita coisa. Não só da nossa infância. Do nosso sempre. Cosa nostra per sempre.
Experiência própria.
Depois, se você quiser, indico outros dois.

Anônimo disse...

Peri, O Nariz de Pasquale esta esgotado. Mas ficaram de me providenciar. Boa dica!

Anônimo disse...

Depois me conta, Eduardo.

valter ferraz disse...

Peri, chegando agora e me metendo na conversa: fiquei muito curioso com as duas indicações. Vou procurar. Minha lista dos livros obrigatórios cresce a cada dia. Acabo de comprar num sebo um do João Antonio. Estou "incomodado" com as comparações e a Vivina acaba de confirmar que existe semelhanças de estilo. Me coloquei na expectativa. Agora vou sanar as dúvidas.
Mas esses que vc coloca aí sem dúvida que vou procurar.
Essa blogolândia, só me traz alegrias mesmo.
Grande abraço

Anônimo disse...

Valter, o primeiro, e que li, vou procurar e se encontrar "te empresto". OK?

Peri, HOJE tem mais Veneza, porque é sábado.

Anônimo disse...

Valter
Não se avexe com as comparações. Qualquer das artes passa, para o artista, pelos necessários caminhos da cópia, da influência, da releitura até, talvez, chegar na criação do próprio estilo. Caminhos até inconscientes.
É na pintura que isso fica muito claro. Vá a uma boa retrospectiva de qualquer bom pintor.

Procure mesmo, leituras agradabilíssimas.

Anônimo disse...

Eduardo,
Sábado é um excelente dia para recordar aquela intrigante cidade.

Ana Moraes disse...

é, peri, acho que a única coisa do filme são as paisagens e a casa..que é adorável.

Anônimo disse...

Ana
Passou ontem na Globo. Revi um pedaço, bleargh .
Nada a ver com o livro.
Reli o Pasquale, ontem e hoje, ótimo,
a primeira e ansiosa leitura tinha deixado passar uma série de pequenos detalhes.

GUGA ALAYON disse...

o filme é realmente horrível, Peri. Nem a fotografia salva.
abç

Anônimo disse...

Guga,
e, como é praxe em Roliudi, deve ser obra de uns 6 roteiristas, trabalhando 1 ano em cima do original.
Como nossos sambas-enredo, parece ser necessário um monte de autores prá fazer uma obra tão ruim.

Anônimo disse...

Peri, interessante quando fala de origem italiana. Descendo de portugueses, mas a minha falecida esposa descendia de italianos. O avô dela inclusive foi combatente da Primeira Guerra Mundial, um anti-mussolinista convicto (já naquela época). Tenho toda a documentação dele, desde o ingresso do "Reggio" Exército até a sua baixa.
Grande abraço.

Ana Moraes disse...

verdade, peri, passou na tv, mas não o vi, tive outra coisa bem melhor pra fazer; mas peguei o filme num cenário, uma paisagem que adorei..o caminho que o ônibus faz zique-zagueando pelas montanhas - paisagem linda! Aí tive de desligar, sabe?

Anônimo disse...

Adelino,
Se somos da primeira, segunda ou até terceira geração de imigrantes , convivemos inocentemente com estas origens genéticas na infância, juventude e até um certo ponto da meturidade, quando, num insight, resolvemos pesquisá-las para, como escreveu a Anna, compreender um monte de coisas a nosso respeito. É um processo muito interessante. Mais ainda, hoje em dia, que num certo sentido, vivemos esta crise de identidade nacional : quantos não pensam ( sonham ) em bater suas ricas plumagens em direção a horizontes mais íntegros, preferencialmente aqueles de onde vieram seus bisavôs ou avôs ?

abraço

Anônimo disse...

Ana,
Na zapeada noturna básica caí no filme, me surpreendi pensando nas sincronicidades da vida ( post na sexta, filme no sábado ) assisti por 5 minutos, estava em uma de suas partes mais ridículas e ..." sartei de banda ".

Lord Broken Pottery disse...

Peri,
Quando for lançado aviso. Ponho um post à respeito, convido os amigos. É um livro técnico, sobre MBAs.
Abração

Anônimo disse...

Lord.
Aguardamos.
mas MBAs, Toscana? Sobre gestão de produção de funghi porcini ?