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10.3.07

Sábado cultural

Achei acidentalmente este texto que tem a ver com o post anterior "vida genérica" .
Foi tirado do excelente Sítio do Sérgio Leo , baseado em entrevista feita pelo Luis Antonio Giron com o pensador francês Jean Baudrillard, falecido agora em Março .


"Os signos evoluíram, tomaram conta do mundo e hoje o dominam. Os sistemas de signos operam no lugar dos objetos e progridem exponencialmente em representações cada vez mais complexas. O objeto é o discurso, que promove intercâmbios virtuais incontroláveis, para além do objeto. No começo de minha carreira intelectual, nos anos 60, escrevi um ensaio intitulado 'A Economia Política dos Signos', a indústria do espetáculo ainda engatinhava e os signos cumpriam a função simples de substituir objetos reais. Analisei o papel do valor dos signos nas trocas humanas. Atualmente, cada signo está se transformando em um objeto em si mesmo e materializando o fetiche, virou valor de uso e troca a um só tempo. Os signos estão criando novas estruturas diferenciais que ultrapassam qualquer conhecimento atual. Ainda não sabemos onde isso vai dar. "


Traduzindo: lá pela década de 60, os meios de comunicação de massa começavam a se disseminar com mais força, transformando em mercadoria _ e fazendo circular como nunca _ valores, mensagens, idéias, objetos, traduzidos em signos. Isso já criava desafios para o entendimento das coisas reais, a partir desses signos. Pior está hoje: esses signos ganharam independência e nem precisam mais de seu correspondente real para terem valor e serem aceitos como mercadoria. OU até, podem fazer com que a realidade se esforce em corresponder a esses signos, invertendo a relação que ocorria antes.

A tradução ficou ainda mais confusa? Bom, resumindo: nos anos 60, as coisas simples da vida ganharam embalagens cada vez mais impressionantes; hoje em dia, as embalagens tomaram conta do mercado, e nem precisam mais ter coisa dentro. Ou seja, se antes a embalagem já podia enganar o consumidor a respeito do conteúdo, hoje ela nem precisa mais de conteúdo; criou-se um faminto mercado de consumidores de embalagens. Mais ou menos isso. Baudrillard deve estar se revolvendo no velório com essa."



Aqui , uma visão rápida e genérica de sua obra . Um cara interessante.


PS1 Hoje, domingo, no Caderno 2 do Estadão, 2 páginas e meia sobre Baudrillard.

10 comentários:

GUGA ALAYON disse...

Perfeita a segunda tradução.
Vale ler na Sheila Leirner http://sheilaleirner.blogspot.com/
seu necrológio e duas entrevista feitas por ela.
E tenho dito.
abç

Anônimo disse...

É a segunda é bem melhor.
Vou lá dar uma olhada no necrológio.
As duas entrevistas estão também na Wikipedia, no verbete dele.

GUGA ALAYON disse...

As entrevistas são ótimas.

Anônimo disse...

São mesmo , papo de amigos.
Guga , dá uma olhada no blog " desenhador do quotidiano " linkado ali na lista de preferidos . bárbaro.

Lord Broken Pottery disse...

Peri,
Os rótulos difamam. Em inglês fica mais bonitinho: labels libel.
Abraço

Anônimo disse...

Lord
Os rótulos inflamam.
E enganam.

valter ferraz disse...

Peri, acho que levaram os tais sginos a sério demais. Quando vamos ao supermercado compramos embalagens e rótulos. Os produtos maquiados estão aí para comprovar. O francês tinha razão.
Abraço forte

Anônimo disse...

Walter, em 1972, data da edição do livrinho que tenho nas mãos , " A Semiologia dos Objetos " entre vários autores , Baudrillard , já matava a charada de que " o consumo de bens não responde a uma economia individual de necessidades e é sim uma função social de prestígio e distribuição hieráquica" . Muito antes da explosão do consumo.

GUGA ALAYON disse...

peri, gde achado!

Anônimo disse...

fino desenho, não ?