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26.2.09

Que Sicília, que nada.


Adelino, tardamos mas não falhamos. Respondendo ao seu convite :

1- agarrar o livro mais próximo
2- abrir na página 161;

3- procurar a quinta frase completa;
4- colocar a frase no blog;
5- repassar para cinco pessoas e avisá-las.*


Exagerado coloco mais do que uma frase :

" Depois de ter presenciado com as próprias pupilas uma guerra da Camorra, as imagens, de tão numerosas, inflam a memória, sobrepondo-se, confundindo-se. Não se pode confiar muito no que viu. Não há prédios destruídos ou serragem espalhada pelo sangue na rua. Nenhum rastro. Como se aquela coisa toda só você tivesse vivido ou sofrido. E a qualquer momento alguém estivesse pronto para pôr o dedo indicador em riste na sua cara e afirmar "isso não é verdade" .


Extraído do livro Gomorra de Roberto Saviano, que cresceu nos arredores de Napoli, e depois da publicação do livro, está escondido com identidade falsa e protegido pela Justiça italiana.
Na contracapa, uma apresentação de Mario Vargas Llosa : " É uma extraordinária reportagem sobre as máfias que agem em Napoli e em toda Campagnia, a qual se lê com tanta fascinação quanto espanto e incredulidade."
É muito mais espantoso do que podemos imaginar.
Os braços da Camorra tem bíceps fortes, fortíssimos e são longos, longuíssimos, dão a volta ao mundo, passam talvez aí pela esquina de sua casa .

Para os que tem interesse em tentar entender as realidades delineadas ou ocultas que nos cercam, e por um acaso leram "O Abusado - O Dono do Morro Dona Marta" do Caco Barcellos, que conta a história do traficante carioca Marcinho VP, se comparar os dois livros poderá pensar que perto de Gomorra, o livro do Caco é quase literatura infanto-juvenil. "Tá tudo dominado ?" . Respirem. Não, não está, aqui falta muito.

Não são textos agradáveis. Poucos terão curiosidade de lê-los.

Mas algumas das histórias de Gomorra são muito educativas, como a do terno de uma super-grife italiana, usado por Angelina Jolie, sim ela, na noite da entrega de um dos Oscar. Mas que foi feito numa oficina de costura clandestina de Arzano, pelo Pasquale, que ganha 600 euros por mês. Ele viu seu trabalho numa reportagem sobre a cerimônia e não poderia dizer '"esta roupa fui eu que fiz", ninguém acreditaria. Ah, sim o Pasquale, um artista das agulhas e linhas, é que dá aulas de costura, gravadas em vídeo, para os chineses que falsificam roupas. Mas chineses selecionados, estes são os que fazem boas falsificações.

Faço um convite, na próxima vez que entrarem numa livraria, peguem o livro e leiam o primeiro parágrafo, que ocupa quase as duas primeiras páginas. O mais impressionante primeiro parágrafo que já li.


* é interessante, quem se habilitar, está convidado a participar


17 comentários:

Anônimo disse...

foi a partir desse livro que fizeram o filme atualmente em cartaz nos cinemas paulistanos, peri? e a angelina, entrou de gaiata no navio ou quis 'marcar uma posição'?

peri s.c. disse...

Marcio
Exato.
A Angelina entrou de gaiata na história, para mostrar onde chega a coisa.
As grandes grifes italianas ( e de outros países, claro ) servem-se dos serviços clandestinos de costura, controlados pela Camorra e existentes no cinturão que cerca Napoli.
Para cada roupa original que entregam às grifes, divertem-se fazendo mais algumas iguais para os mercados paralelos. Importante : com o mesmo tecido e linhas ( estas importantíssimas para a qualidade do produto ). As grifes sabem disso e não agem contra, poderiam perder a mamata dos ridículos custos de execução das roupas.
O livro informa que esse setor de vestuário camorrista tem lojas espalhadas pelo mundo, inclusive em Buenos Aires e São Paulo...

anna disse...

gosto de ler o último capítulo do livro que estou lendo.

peri s.c. disse...

Anna
Eu sempre sofro para controlar a volúpia desta tentação.

valter ferraz disse...

Peri,
perto desses o Capão, Outras histórias é quase um gibi, né?
Abraço forte

Anônimo disse...

Valter
Suponho que você não mudou para Monga, trocou seu nome, nem tem uma Blazer à paisana aí na sua porta com 2 homens de óculos escuros e armados, depois que você publicou o "Capão, Outras histórias" ...

abraços napolitanos

Anônimo disse...

Peri,

boa dica! Vamos todos ler. Essa história, pelo visto, supera qualquer livro de ficção, policial. É sempre assim! A realidade é mais brutal que a melhor das ficções!!!!!

Lord Broken Pottery disse...

Parágrafo com duas páginas... Não era Proust?
Abração

Anônimo disse...

Eduardo
Realidade pouca é bobagem, vamos à realidade total.

Anônimo disse...

Caro Lord
Não é Proust. E o segundo parágrafo é maior.

abração

Anônimo disse...

Peri:

Num só parágrafo:
A base da Camorra é o monopólio do cimento.

Abraços campeões.

Günther.

Anônimo disse...

Peri:

...Têm biceps fortes...talvez passem aí pela esquina da sua casa...
Uma vez,em Londres,por dentro de um vidro num prédio vazio,havia um papel escrito:"Quem atentar contra êste edifício será perseguido".
Era da Líbia Airlines.

Num só parágrafo:

Sem mais comentários.

Günther.

Anônimo disse...

Günther

1. Rápido e rasteiro : de cimento, um monopólio concreto.

2. Necessário pesquisar muito antes de atentar contra qualquer coisa, sabe-se lá com quem vai se meter.

Abraços campeões,merecidos . Ontem assisti um pedaço do desfile, bonito e animado. Por um acaso você não é aquela mulata escultural de olhos azuis, destaque de chão e altamente requebrante ?

Anônimo disse...

Peri:

Como você me reconheceu?...E eu estava com lentes de contato fantasia...
Agora sério,aquela escultura é Cyntia Poderosa...bem que eu te convidei...

Abraços

Günther.

Anônimo disse...

Günther

ah, ah.

" poderosa " ? poderosa mesmo, credo.
é da comunidade?

quando você fundar seu blog, taí uma sugestão para um post semanal : as poderosas do samba. sendro a madrinha a Cyntia ( com "y', adorável )

abraços

Ví Leardi disse...

..o filme ilustra mas o livro é tudo...nos meus anos de moda e confecção ,senti de perto uma mínima amostra do que tudo isto pode ser....Arrepiante!

Anônimo disse...

Vi
Ainda não assisti o filme, mas a sensação que fica ao ler o livro é exatamente essa que você citou .... arrepiante.